[...] Há que salientar, entretanto, que as necessidades humanas são historicamente determinadas, o que significa dizer que aquilo que era considerado luxo em épocas anteriores, hoje, pode ter complexidade maior ou menor de nossas atividades e interesses. [...] A criação artificial de necessidades, portanto, opera a partir de um determinado limite entre a valorização e a coisificação. Por isso é possível dizer que no consumo a pessoa se interpreta, ao mesmo tempo em que evidencia seu lado insatisfeito: consumo, logo sou! Essa é a promessa feita pela ideologia do capital mercantil, mas que jamais poderá ser satisfeita, na medida em que a satisfação de uma necessidade artificial dá lugar a outra ainda mais artificial. A pista – se é que há alguma -, para distinguir necessidade natural da utilização de determinado objeto, a adoção de determinada marca, do novo modelo, entre outros fatores, favorece nosso desenvolvimento, refina nossos sentidos, nossa sensibilidade ou se acentua nossa coisificação.
O objeto nos serve ou nos consome?
CABRAL, Fátima. Consumir ou ser consumido? Sociologia: ciência & vida. São Paulo: Escala, ano I, n. 4 ‘p.70-71, mar.2007
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