Ao visitar o Blog Mix, não deixe de votar na enquete. Agradeçemos sua visita, e sempre que possível deixe um comentário, pois seu comentário é o incentivo para postagens

Consumir ou ser consumido?

Nas sociedades capitalistas, o objetivo da produção não está diretamente relacionado a valores de uso como tais; é particularmente um meio para nova produção e venda de mercadorias. Isto é, não se produz pensando na necessidade real das pessoas; produz-se porque esse é o negócio do produtor, é seu meio de obter e de acumular capital. Daí que as mercadorias sofrem freqüentes transformações, modificações, de modo a serem apresentadas como algo sempre novo, e particularmente, como algo imprescindível para nossas vidas. Mas talvez nunca, na historia do capitalismo, a aparência das mercadorias, inclusive a de massa, tenha sido tão importante e valorizada como nas últimas décadas, quando o capitalismo assume seu caráter mais perdulário. [...] Se a produção visa fomentar o ciclo produtivo, entende-se que, a cada dia, são criadas artificialmente, novas necessidades, forjando em nós desejos inúteis e comportamentos artificiais, que nos levam, como insetos, à armadilha. A produção cria, assim, não só um objeto para o sujeito, mas também um sujeito para o objeto, a maneira e o motivo do consumo.
[...] Há que salientar, entretanto, que as necessidades humanas são historicamente determinadas, o que significa dizer que aquilo que era considerado luxo em épocas anteriores, hoje, pode ter complexidade maior ou menor de nossas atividades e interesses. [...] A criação artificial de necessidades, portanto, opera a partir de um determinado limite entre a valorização e a coisificação. Por isso é possível dizer que no consumo a pessoa se interpreta, ao mesmo tempo em que evidencia seu lado insatisfeito: consumo, logo sou! Essa é a promessa feita pela ideologia do capital mercantil, mas que jamais poderá ser satisfeita, na medida em que a satisfação de uma necessidade artificial dá lugar a outra ainda mais artificial. A pista – se é que há alguma -, para distinguir necessidade natural da utilização de determinado objeto, a adoção de determinada marca, do novo modelo, entre outros fatores, favorece nosso desenvolvimento, refina nossos sentidos, nossa sensibilidade ou se acentua nossa coisificação.
O objeto nos serve ou nos consome?

CABRAL, Fátima. Consumir ou ser consumido? Sociologia: ciência & vida. São Paulo: Escala, ano I, n. 4 ‘p.70-71, mar.2007

0 comentários:

 
© 2008 LOSOUSA